Ao refletir sobre o significado do termo CARIDADE a primeira dúvida que veio a minha mente foi:
Caridade é sentimento? Ou será que é emoção? Ou será ainda que trata-se de ação?
Deixei minha mente vagar e buscar possíveis respostas.
A primeira possibilidade surgiu do meu interior, do meu próprio conceito de caridade.
Relembrei os tempos de criança e tentei buscar alguma situação que tenha ficado no meu consciente a respeito da caridade.
Eu tinha menos de sete anos porque me lembro que ainda nem frequentava a escola. Recordei de uma tia muito querida, irmã de minha mãe, que constantemente vinha em casa.
Lembro-me perfeitamente que ela trazia coisas para ajudar meus pais em casa, pois vivíamos uma situação de precariedade material.
Ela cuidava de mim e de minha irmã para meus pais trabalharem. Lembro-me até que ela nos aplicava injeções quando apanhávamos gripe.
Hoje entendo que minha tia, que nunca constituiu a sua própria família, praticava a caridade para conosco pois deixava sua casa e vinha para a nossa para nos ajudar de alguma forma.
Não sei o que teria sido de nós se minha tia Gláucia não nos tivesse ajudado tanto!
Trazendo este conceito para o presente, tenho visto muitas pessoas limitarem o significado do termo caridade. Muitos acreditam que caridade é a ação de dar coisas materiais para os menos favorecidos. Outros, acreditam que caridade é amar as pessoas, ter o sentimento. Outros ainda são capazes de atos de caridade somente quando são tocados pela emoção.
Tenho visto pessoas taxarem a caridade de ações que podem e ações que não podem. Ouvir as reclamações dos amigos, por exemplo, não pode, isso não é caridade - dizem - pois o amigo nos está vampirizando, sugando nossas energias.
Outros ainda acreditam que a caridade é uma ação desnecessária já que não obtermos a salvação de Deus pelas nossas obras mas sim pela nossa fé.
Cheguei à conclusão de que caridade de fato é uma ação, entretanto, necessitamos que o sentimento da compaixão nos impulsione, e a compaixão surge de uma emoção de empatia, ou seja, quando nos colocamos na pele da outra pessoa e passamos a ter uma noção do quanto ela sofre.
Quando isso acontece, a emoção toma conta de nós e a compaixão se estabelece, afinal, uma vez percebendo a situação dolorosa em que a pessoa vive, passamos a compreender e essa compreensão nos remete à ação pois que não existe caridade sem ação.
Todavia, a caridade perde todo o seu valor moral quando a ação empreendida por nós deixa de ser praticada com prazer, com interesse e com altruísmo. Quando nos forçamos à prática da caridade a ação beneficente passa a ser penosa, nos causando danos emocionais. Isso ocorre quando não mantemos viva a compaixão.
Portanto, não existe nenhum impedimento para que acolhamos as pessoas, ouçamos os seus problemas e as confortemos. Desde que isso seja feito sem desgaste energético, com altruísmo, com interesse.
Para que a caridade que praticamos seja mais valiosa ainda podemos indicar caminhos, novos pontos de vista que talvez a pessoa não tenha percebido. Assim, aumentamos as possibilidades de que ela própria decida o que pretende fazer com seu problema e o resolva de maneira satisfatória.
Ouvir é uma arte e só quem tem compaixão pelo próximo é capaz de tamanha caridade.
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